quinta-feira, 9 de julho de 2009

Qual a legitimidade das organizações religiosas?

Desde terça-feira que tenho passado noites em branco em volta de um livro que descobri em casa de um conhecido: “Segredos do Código ”. É um livro que fala sobre muitos aspectos considerados na obra e um deles é a Opus Dei. Todos já ouviram falar da Opus Dei. No best-seller de Dan Brown esta organização religiosa tem como, digamos, representantes, o Silas (aquele que se auto-mutila várias vezes) e aquele padre (ou lá o que é) que é morto quase no final do filme (recordam-se?)

Foi justamente por causa das coisas estranhas que envolviam a Opus Dei que decidi investigar este livro, “Segredos do Código”. Antes um pouco de história: basicamente a Opus Dei é uma instituição da Igreja Católica, fundada por São Josemaria Escrivá de Balaguer a 2 de Outubro de 1928. Segundo o fundador "o Opus Dei tem por fim promover entre pessoas de todas as classes da sociedade o desejo da plenitude da vida cristã no meio do mundo. Quer dizer, o Opus Dei pretende ajudar as pessoas que vivem no mundo — o homem vulgar, o homem da rua — a levar uma vida plenamente cristã, sem modificar seu modo normal de vida, nem seu trabalho ordinário, nem suas aspirações e anseios. Vou agora mostrar-vos algumas das coisas que me perturbaram sobre a Opus Dei e que estão escritas no tal livro:

“Alguns termos básicos: numerários e numerárias são membros solteiros que professam um «compromisso» de celibato e vivem normalmente em «centros». Entregam os seus rendimentos e recebem uma quantia para des­pesas pessoais. Correspondendo a cerca de vinte por cento dos membros, seguem o «plano de vida», uma ordem do dia que inclui missa, leituras reli­giosas, prece privada e, dependendo da pessoa, suplícios de ordem física. Também frequentam cursos de Verão na Opus Dei. Em cada ano, proferem um compromisso oral com a organização; depois de cinco anos, fazem «um voto de fidelidade», um compromisso para toda a vida. Há centros separa­dos, para homens e mulheres, cada um com um director. Os numerários homens são incentivados a considerar a possibilidade de se ordenarem padres. Após dez anos de formação, aqueles que sentem ter vocação são enviados para o seminário da Opus Dei em Roma, a Universidade Romana da Santa Cruz. Tudo isto porque acreditam que eles serão um dia santos e auxiliares de Deus no Céu.

A maior parte dos membros são supranumerários, pessoas casadas que contribuem financeiramente e às vezes prestam serviços em instituições ligadas à Opus Dei, como escolas. Adscritos são indivíduos solteiros «me­nos disponíveis» e que permanecem em suas casas devido a outros compro­missos, como responsabilidades em relação a pais idosos. Colaboradores, no sentido estrito, não são propriamente membros, pois «ainda não têm vo­cações divinas». Contribuem através do trabalho, da ajuda financeira e da oração...

Segundo dois ex-numerários, algumas mulheres numerárias são requisi­tadas para limpar os centros destinados aos homens e também para cozinhar para eles. Quando elas chegam para fazer a limpeza, os homens abandonam o recinto, para que não se estabeleçam quaisquer contactos. Perguntei a Bill Schmitt se as mulheres mostravam alguma resistência em relação a esse procedimento. «Não. De forma alguma.» É um trabalho remunerado da «família» da Opus Dei e é encarado como um apostolado... «Completamente falso», disse Anne Schweninger. «Eu não tinha escolha. Uma vez na Opus Dei, o que se pede é uma ordem.»”

Fonte: “Segredos do Código”- páginas 240/241

Sendo assim as grandes questões que se impõem neste domínio são: qual a legitimidade desta organização em controlar assim os seus seguidores? E o porquê destas pessoas sujeitar-se a tais coisas? Estão à procura da tal santidade referida em cima? Ela existe? Vale o esforço? Será verdade? E o suplicio corporal, que dizer dele? Será que esta organização “molda” as pessoas? Que direito é que eles têm? Como podem as pessoas acreditar piamente?

Perguntas às quais procuro resposta. Mas já dizia o outro: “ A religião é o ópio do povo”. Move multidões em busca de utopias…

Bem agora vou dormir se não amanha fico mal disposto e o mais provável é que não chegue a terminar esta frase o que é no

Bragança

2 comentários:

Ana disse...

De facto choca-me imenso não só este tipo de organizações como as pessoas que as seguem.
Acho que as pessoas vivem tão perdidas neste mundo que tentam de tudo para se encontrar e encontrar a felicidade.
Para uma pessoa como eu,que preza a liberdade de pensar,agir e questionar não há lugar para situações destas na minha realidade.
Mas ao que parece para muita gente não só cabem como são normais.
E o pior é que não é apenas a Opus Dei que lava o cérebro destas pessoas.Há tantas outras ditas religiões que o fazem.Mas também só o fazem porque as pessoas deixam.Porque precisam...

Miolo 3 disse...

Esta realidade, sinceramente, não me choca demasiado; cada um acredita no que quer, cada um é-se deixado levar pelo que acredita - mas só o é se assim quiser... Mas como a Ana já disse bastante do que quero dizer (como adorador de liberdade, etc...), reflectirei mais sobre o título, "Qual a legitimidade das organizações religiosas?"... para mim têm toda a legitimidade: não magoam ninguém que não lhes pertença, e só pertences se assim o quiseres...para mim isto chega!... ou chegaria se não fosse um pequeno aparte: muitas instituições religiosas aproveitam-se da fé das pessoas para as explorarem (como acontece neste caso, se bem que há piores). No outro dia li uma história de um rapaz que teve que matar os pais porque o Mestre da religião (com Mestre da religião pretendo dizer o "porta-voz" - por exemplo, o Padre na religião Católica) disse-lhe que segundo a sua religião deveria matar os pais... ele assim o fez...descobriu mais tarde que a religião nada disso dizia, e que o Mestre queria apenas os pais deles mortos por causa de uns problemas... esta situação é imperdoável, e cada vez se vêem mais situações destas; mas na minha opinião as instituições religiosas continuam a ter toda a legitimidade, afinal, se fossemos a pensar nas excepções e fossemos colher cada "episódio" injusto e pouco moral, não haveria instituições de todo!! É como tudo, tudo isto acontece em escolas, hospitais, câmaras...

Motaz