Desde terça-feira que tenho passado noites em branco em volta de um livro que descobri em casa de um conhecido: “Segredos do Código ”. É um livro que fala sobre muitos aspectos considerados na obra e um deles é a Opus Dei. Todos já ouviram falar da Opus Dei. No best-seller de Dan Brown esta organização religiosa tem como, digamos, representantes, o Silas (aquele que se auto-mutila várias vezes) e aquele padre (ou lá o que é) que é morto quase no final do filme (recordam-se?)
Foi justamente por causa das coisas estranhas que envolviam a Opus Dei que decidi investigar este livro, “Segredos do Código”. Antes um pouco de história: basicamente a Opus Dei é uma instituição da Igreja Católica, fundada por São Josemaria Escrivá de Balaguer a 2 de Outubro de 1928. Segundo o fundador "o Opus Dei tem por fim promover entre pessoas de todas as classes da sociedade o desejo da plenitude da vida cristã no meio do mundo. Quer dizer, o Opus Dei pretende ajudar as pessoas que vivem no mundo — o homem vulgar, o homem da rua — a levar uma vida plenamente cristã, sem modificar seu modo normal de vida, nem seu trabalho ordinário, nem suas aspirações e anseios. Vou agora mostrar-vos algumas das coisas que me perturbaram sobre a Opus Dei e que estão escritas no tal livro:
“Alguns termos básicos: numerários e numerárias são membros solteiros que professam um «compromisso» de celibato e vivem normalmente em «centros». Entregam os seus rendimentos e recebem uma quantia para despesas pessoais. Correspondendo a cerca de vinte por cento dos membros, seguem o «plano de vida», uma ordem do dia que inclui missa, leituras religiosas, prece privada e, dependendo da pessoa, suplícios de ordem física. Também frequentam cursos de Verão na Opus Dei. Em cada ano, proferem um compromisso oral com a organização; depois de cinco anos, fazem «um voto de fidelidade», um compromisso para toda a vida. Há centros separados, para homens e mulheres, cada um com um director. Os numerários homens são incentivados a considerar a possibilidade de se ordenarem padres. Após dez anos de formação, aqueles que sentem ter vocação são enviados para o seminário da Opus Dei em Roma, a Universidade Romana da Santa Cruz. Tudo isto porque acreditam que eles serão um dia santos e auxiliares de Deus no Céu.
A maior parte dos membros são supranumerários, pessoas casadas que contribuem financeiramente e às vezes prestam serviços em instituições ligadas à Opus Dei, como escolas. Adscritos são indivíduos solteiros «menos disponíveis» e que permanecem em suas casas devido a outros compromissos, como responsabilidades em relação a pais idosos. Colaboradores, no sentido estrito, não são propriamente membros, pois «ainda não têm vocações divinas». Contribuem através do trabalho, da ajuda financeira e da oração...
Segundo dois ex-numerários, algumas mulheres numerárias são requisitadas para limpar os centros destinados aos homens e também para cozinhar para eles. Quando elas chegam para fazer a limpeza, os homens abandonam o recinto, para que não se estabeleçam quaisquer contactos. Perguntei a Bill Schmitt se as mulheres mostravam alguma resistência em relação a esse procedimento. «Não. De forma alguma.» É um trabalho remunerado da «família» da Opus Dei e é encarado como um apostolado... «Completamente falso», disse Anne Schweninger. «Eu não tinha escolha. Uma vez na Opus Dei, o que se pede é uma ordem.»”
Fonte: “Segredos do Código”- páginas 240/241
Sendo assim as grandes questões que se impõem neste domínio são: qual a legitimidade desta organização em controlar assim os seus seguidores? E o porquê destas pessoas sujeitar-se a tais coisas? Estão à procura da tal santidade referida em cima? Ela existe? Vale o esforço? Será verdade? E o suplicio corporal, que dizer dele? Será que esta organização “molda” as pessoas? Que direito é que eles têm? Como podem as pessoas acreditar piamente?
Perguntas às quais procuro resposta. Mas já dizia o outro: “ A religião é o ópio do povo”. Move multidões em busca de utopias…
Bem agora vou dormir se não amanha fico mal disposto e o mais provável é que não chegue a terminar esta frase o que é no
Bragança
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2 comentários:
De facto choca-me imenso não só este tipo de organizações como as pessoas que as seguem.
Acho que as pessoas vivem tão perdidas neste mundo que tentam de tudo para se encontrar e encontrar a felicidade.
Para uma pessoa como eu,que preza a liberdade de pensar,agir e questionar não há lugar para situações destas na minha realidade.
Mas ao que parece para muita gente não só cabem como são normais.
E o pior é que não é apenas a Opus Dei que lava o cérebro destas pessoas.Há tantas outras ditas religiões que o fazem.Mas também só o fazem porque as pessoas deixam.Porque precisam...
Esta realidade, sinceramente, não me choca demasiado; cada um acredita no que quer, cada um é-se deixado levar pelo que acredita - mas só o é se assim quiser... Mas como a Ana já disse bastante do que quero dizer (como adorador de liberdade, etc...), reflectirei mais sobre o título, "Qual a legitimidade das organizações religiosas?"... para mim têm toda a legitimidade: não magoam ninguém que não lhes pertença, e só pertences se assim o quiseres...para mim isto chega!... ou chegaria se não fosse um pequeno aparte: muitas instituições religiosas aproveitam-se da fé das pessoas para as explorarem (como acontece neste caso, se bem que há piores). No outro dia li uma história de um rapaz que teve que matar os pais porque o Mestre da religião (com Mestre da religião pretendo dizer o "porta-voz" - por exemplo, o Padre na religião Católica) disse-lhe que segundo a sua religião deveria matar os pais... ele assim o fez...descobriu mais tarde que a religião nada disso dizia, e que o Mestre queria apenas os pais deles mortos por causa de uns problemas... esta situação é imperdoável, e cada vez se vêem mais situações destas; mas na minha opinião as instituições religiosas continuam a ter toda a legitimidade, afinal, se fossemos a pensar nas excepções e fossemos colher cada "episódio" injusto e pouco moral, não haveria instituições de todo!! É como tudo, tudo isto acontece em escolas, hospitais, câmaras...
Motaz
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