…é a nossa maior inevitabilidade, a nossa única certeza. Se o destino existe, ela é sem dúvida o nosso destino comum, o único.
Assustadora quase sempre, consoladora às vezes, por muito que tente mostrar-nos que é até mais honesta e segura do que a própria vida, não se livra da má fama de Ceifeira que ceifa o que está pronto para ser ceifado e o que ainda, aos nossos olhos, não está. E isso todos nós sentimos como uma enorme injustiça. Mas o que sabemos nós?! Nada. Nada, a não ser que por ela seremos levados, mais cedo ou mais tarde.
Já lhe vi os olhos em outros olhos. Já estive perto dela, mais do que uma vez e sei que quando chega aquele momento em que ela nos dá a mão e diz, Vamos que chegou a hora, o medo do desconhecido é inevitável. Não é o medo dela, é o medo do desconhecido. Há certos rostos que se suavizam quase de imediato! Quem sabe se o desconhecido afinal nos é familiar e está apenas esquecido?...
O facto é que tratamos muito mal a morte, às vezes pior ainda do que tratamos a vida. Não só evitamos falar dela, como todos os dias fazemos de conta que não existe. Mas estamos sempre prontos a desafiá-la! Desafiamo-la quando entramos no carro; desafiamo-la quando ignoramos os sinais do nosso corpo; desafiamo-la quando atravessamos a estrada; quando entramos na banheira; quando mergulhamos nas ondas… desafiamo-la a toda a hora como se tivéssemos uma necessidade maior de lhe provar que não nos vence, ainda que saibamos que será sempre ela a vencer. Cada dia que se ganha é uma vitória. Talvez por isso nos custe tanto ver vidas tão jovens serem ceifadas.
Mas uma coisa é certa – não sabemos o que existe para lá dela. Não sabemos o que está do outro lado. Não sabemos para onde vamos quando nos vamos embora e, não sabemos sequer, se apesar de nos parecer uma monstruosidade, uma enorme injustiça, ela, a morte, não sabe mais do que nós, aquilo que anda a fazer…
Já é tarde...e eu estava sedento de palavras...
Bragança
sábado, 19 de setembro de 2009
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3 comentários:
"Mas estamos sempre prontos a desafiá-la!"
Por acaso também pensei nisto há uns anos, mas nunca mais me lembrei LOL. Grande texto, caro Guakjas. Pessoalmente, aprendi a deixar de temer a morte. Afinal, temer a morte e não temer a vida, sendo que estão intrisecamente conectadas, é um tanto ou quanto hipócrita. Enfim, sejamos como Epicuro, é o melhor. ;)
Meu amigo, adorei o post! :)
Boa reflexão! ;)
A questão da morte que nos ha'de atormentar para sempre, ate perdermos a sanidade mental ! :S
Beijiinhos.
Rita*
Sublime! Bebi com cuidado cada palavra!
E concordo com a Rita, até perdermos a sanidade, seremos sempre acabrunhados pela questão!... Mas pudemos sempre não pensar nela ;)
Motaz*
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